A Croácia juntou-se à União Europeia a 1 de Julho de 2013, o vigésimo oitavo estado membro a aderir à UE. Atualmente, há um debate aceso – mas bastante unilateral – sobre: se a Croácia deve ou não aderir à Zona Euro (ZE).
A nossa posição é clara: a Croácia não deve aderir à Zona Euro. Ainda não.
O caso é simples: a promessa de crescimento com base na adesão ao euro é falsa. A entrada na ZE só levaria a que a Croácia se mantivesse na periferia da Europa, mas com uma diminuição de controlo sobre o seu próprio futuro económico. A Croácia deve, portanto, rejeitar o convite de adesão à ZE até que as decisões a este nível sejam realmente democráticas. O DiEM25 dedica-se a produzir essas reformas democráticas.
Abaixo, apresentamos os dois argumentos que fundamentam a nossa posição: o argumento de que a Croácia deve aderir à moeda única europeia – do Banco Nacional da Croácia à União Democrata Croata (HDZ) e da oposição, o Partido Social Democrata (SDP) – conforme recolhido pelo grupo local do DiEM25 em Rijeka (CED-Rijeka), bem como o argumento contra essa adesão, desenvolvido pelos membros do DiEM25 Croata e pelos principais economistas do DiEM25.
1. Se a Croácia entrar na Zona Euro… “O euro vai fazer aumentar as taxas de crédito”, “vai simplificar o refinanciamento de dívidas”, “as taxas de juros vão ser mais baixas”
Por outras palavras, a dívida aumentará muito mais rapidamente com o euro, à medida que entrar no país mais capital alemão, vindo dos bancos de Frankfurt. É um desastre iminente que é apresentado como isco! Claro que eles dirão que um financiamento de investimento mais barato é sempre uma coisa boa (“Facilidade de acesso ao capital para empresários” – “Aumento do investimento estrangeiro”). Mas será que os fluxos de capital vão ser usados para investimentos reais? Ou vão, simplesmente, aumentar os preços dos ativos, enquanto as empresas alemãs continuam a retirar o que resta da indústria do país? É esta última hipótese, é claro. Tal como foi na Espanha, Grécia, Irlanda etc.
2. Se a Croácia entrar na Zona Euro… “As taxas de crédito vão aumentar”
Bem, isto não foi o que aconteceu com aqueles que foram atingidos pela crise impulsionada pela UEM, não é? Em vez disso, as taxas caíram significativamente, os spreads de crédito aumentaram – em alguns casos astronomicamente – e esgotou-se a liquidez disponível para refinanciamento. No entanto os operadores dos bancos de investimento da Zona Euro nunca desperdiçaram uma boa crise: eles beneficiaram amplamente, agravando a crise no processo.
Aqui está a questão de fundo: sem as instituições que fazem com que a ZE funcione realmente, nenhum destes argumentos é mais do que o modelo de marketing de base da UEM – desmascarado há muito tempo.
3. Se a Croácia entrar na Zona Euro, alcançará… “Estabilidade financeira e política” – “Abertura económica” – “Crescimento das exportações” – “Melhor integração da economia croata na UE” – “O euro impulsionará o comércio com os países da Zona Euro eliminando o risco inerente das taxas de câmbio”
Este argumento não tem fundamento. Se olharmos para a Polónia, para a Hungria e para a República Checa – outros países com o maior Investimento Estrangeiro Direto (IED) e com a maior integração face à indústria alemã, holandesa, francesa e austríaca, nos últimos 20 anos – poderemos constatar que todos mantiveram a sua moeda! Em contrapartida, os países que entraram no euro (Portugal, Grécia e até a Eslováquia) tiveram muito menos IED e praticamente nenhuma integração relativamente à indústria da Europa Central. Por outras palavras, entrar no euro foi inútil na perspetiva do IED, da integração e até da acumulação de capital.
4. Se a Croácia entrar na Zona Euro, isso terá um preço: “De qualquer forma, o benefício da política monetária nacional é limitado, por causa do alto nível de ‘europeização’ e do endividamento em todos os sectores” – “Os preços são iguais aos da Alemanha, Áustria, etc. por isso nenhum não haverá um aumento significativo nos preços “
Se o endividamento é um problema, e já há dividas a mais em euros, o que é preciso fazer é reduzir a % da dívida denominada em euros – não a tornar em 100% da dívida! Sim, os preços podem não ser diferentes da Alemanha etc. MAS,
Se o euro for adotado, os preços irão, certamente, aumentar ainda mais, (os oligopólios locais aproveitam a vantagem oferecida pela redenominação para criar uma maior conluio entre seus membros)
Se os salários forem denominados em euros, no caso de qualquer recessão futura (e acreditem que ela virá) não será possível absorvê-la através de uma inflação mais alta e de uma desvalorização da moeda – em vez disso, dará origem a reduções no valor nominal dos salários, o que transforma uma recessão numa depressão.
5. Se a Croácia entrar na Zona Euro, teremos… “Crescimento do turismo”
Porquê? Alguém pensa realmente que haverá mais turistas porque não precisam de cambiar o dinheiro, numa altura em que já toda a gente paga com cartão de crédito? O contrário será verdade: o aumento dos preços (veja acima) reduzirá, isso sim, a vinda de turistas!
6. Se a Croácia entrar na Zona Euro, ela vai-se tornar parte da… “A Zona Euro como garante de estabilidade financeira”?
A sério? Isto não se enquadra com a história recente. De facto, a ZE e a desregulamentação financeira concomitante desempenharam um papel importante na transmissão da crise do crédito dos EUA para a Zona Euro e agravaram-na ao licitar os preços dos ativos europeus e ao aumentar o endividamento. Para dar apenas um exemplo, a Espanha entrou no ZE com uma taxa de juro real negativa, fazendo com que o endividamento das famílias aumentasse, enquanto que no setor da construção cresceu uma bolha. Portanto, há argumentos muito sólidos para dizer que a adesão à ZE tem sido um fator desestabilizador, especialmente para os países que entraram na ZE com uma taxa de juro relativa significativa. A crise da dívida começou a crescer a partir deste ponto, desencadeando a crise bancária e, consequentemente, a crise soberana.
7. Se a Croácia entrar na Zona Euro… “Escapará da periferia política da UE”
Tal como a Grécia e Portugal!
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