Os coletivos do Porto, Lisboa, Oeiras e Setúbal do DiEM25 Portugal, vêm por este meio manifestar a sua profunda indignação, repulsa e revolta contra o encarceramento do rapper espanhol Pablo Hasél.
O artista foi condenado a meses de prisão no passado dia 23 de Fevereiro, após se barricar numa faculdade com dezenas de apoiantes, e na sequência da autoria de letras e comunicações nas redes sociais que criticam arduamente a monarquia e polícia espanholas.
Este tipo de reacção das forças de autoridade face a delito de opinião constitui, a nosso ver, uma ameaça reaccionária à democracia e à liberdade de expressão. Não existe qualquer associação de incitamento à violência e terrorismo nas letras ou declarações de Pablo Hasél. A visão de uma Europa democrática passa também pela crítica às instituições e a livre-expressão de todos nós – rejeitamos uma Europa que se guia por acusações absolutistas de “lèse-majesté”.
Insistimos também numa análise crítica ao estado espanhol e ás suas forças de segurança. Não é a primeira vez que um artista é condenado a prisão por delito de opinião e crítica à monarquia e ao regime espanhol. Importante será também acrescentar que Espanha é o país da União Europeia com o maior número de presos políticos – muitos deles por atividade independentista catalã e basca. Nas passadas eleições para o Parlamento Catalão (ocorridas no dia 14 de Fevereiro), os partidos apoiantes da independência constituíram mais de metade dos votos do povo catalão. Apesar disso, o estado espanhol continua a privilegiar a dominação e violência em detrimento do diálogo.
Por todo o território espanhol ecoam protestos a exigir a libertação de Pablo Hasél, aliados ainda a protestos independentistas da Catalunha e da atual crise. O caos instalou-se em muitas destas ocorrências, onde o uso da violência policial não foi suprimido, resultando em dezenas de feridos dos dois lados. Simultaneamente, centenas de apoiantes do partido de extrema-direita, Vox, marcharam pelas ruas de Madrid, com saudações fascistas e discurso de ódio nas suas demonstrações. Não encontraram resistência policial. Crê-se assim num claro atentado à democracia, num país onde a rotura com o fascismo franquista não foi efetivamente uma rotura, mas sim uma despedida amigável.
Queremos também expressar o nosso descontentamento com as instituições europeias e respectivos Estados Membros, que criticam correctamente a Rússia pela perseguição e condenação do dissidente Alexei Navalny, mas olham para o lado quando os mesmos direitos políticos elementares são violados na Europa, seja no Reino Unido, que mantém preso Julian Assange, pelo “crime” de praticar jornalismo, seja num seu Estado Membro, a Espanha, que além do Pablo Hasel tem pelo menos outros 9 presos políticos há mais de um ano. Devemos ou não respeitar os direitos que exigimos aos outros?’
Mostramos o nosso apoio a Pablo Hasél e a quem protesta pela libertação do artista, defendendo o direito à liberdade numa democracia. Estamos ao lado de quem luta contra a opressão à livre-expressão e ao direito ao protesto, num país que nos é tão próximo.
Na sua mensagem final antes de ser preso, Hasél escreveu “Tomorrow it can be you”. Sentimos a responsabilidade de ter estas palavras connosco, enquanto prosseguimos na nossa luta.
https://twitter.com/PabloHasel/status/1360300671484846083
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