É tentador ao olhar para os eventos em torno do referendo catalão de domingo, não tomar uma posição. O processo começou de forma errada desde o início e é fácil encontrar falhas em ambos os lados da história. Então, seria mais fácil evitar o problema, catalogando-o como um assunto interno espanhol.
Isto parece ter sido precisamente a posição da UE, após o referendo e a posterior reação da Polícia Nacional espanhola. Muito poucas vozes foram levantadas contra o modo como o referendo foi pressionado pelo Parlamento catalão sob um procedimento duvidoso, mas ainda menos contra a reação completamente desproporcional do governo central espanhol. A UE claramente não quer chocar um dos seus Estados membros, especialmente quando o governo pertence à família política que prevalece na Europa (o Partido Popular Europeu).
Mas, neste caso, uma posição neutra não é uma opção. Não reagir às táticas do braço forte do governo espanhol para tentar evitar o referendo, só irá reforçar os governos de países como a Hungria ou a Polónia, que já demonstraram uma inclinação para as formas autoritárias de governo, completamente em desacordo com a Ideal europeu de liberdade e democracia liberal.
Então, que fique claro: a UE deve inequivocamente condenar o uso da polícia ou da força militar ao lidar com o que é no fundo, um problema político. Além disso, a UE deveria ter assumido um papel muito antes a respeito da questão do referendo da Catalunha, tentando mediar entre as partes dos dois lados, ajudando-os a alcançar uma solução satisfatória sob a égide das instituições democráticas da UE.
Se a UE deve cumprir o que seus antepassados sonharam, seria irrelevante se a Catalunha fazia parte da Espanha ou não, pois ambos faziam parte de uma maior área de liberdade e cidadania.
Todos nós devemos inequivocamente condenar o uso da força para evitar um referendo, independentemente do mérito ou validade legal desse referendo. A UE deve ser uma plataforma dedicada à promoção da coexistência pacífica, à defesa dos direitos humanos e dos direitos civis e à busca de soluções democráticas para os problemas da Europa. Para esse efeito, a UE deve tornar-se, em si mesma, mais democrática e recetiva a todas as aspirações dos seus cidadãos e utilizar essa legitimidade aumentada para ajudar a mediar qualquer conflito dentro das suas fronteiras.
José Luis Malaquias membro do DiEM25 e Engenheiro Físico residente em Portugal
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