Caros membros do DiEM25, caros ativistas da Primavera Europeia, caros companheiros europeístas progressistas,
Este é um dia de festa, enquanto fazemos o balanço da nossa extraordinária conquista.
Hoje é também dia de lamentar a espiral negativa da Europa, ao mesmo tempo que planeamos o nosso próximo esforço Pan-europeu para trazer de volta a esperança a centenas de milhões que a perderam.
Quando, nos finais de 2017, decidimos levar o nosso Novo Pacto Verde para a Europa às urnas por toda a Europa, os nossos amigos temiam por nós e os cínicos riam-se de nós. Mas o que nem os nossos amigos nem os cínicos percebiam era a natureza da nossa acção colectiva.
A nossa tarefa não era maximizar a conquista de lugares nestas eleições europeias. A nossa tarefa não era demonstrar que é possível uma outra Europa. Não, a nossa tarefa era mostrar que uma outra Europa já aqui está – dentro deste único movimento pan-europeu dedicado a uma agenda política progressista conjunta para todos os Europeus.
O DiEM25 nasceu de uma ideia radical: não somos apenas Gregos ou Alemães ou Italianos ou qualquer outra nacionalidade ou etnia que transportamos connosco. Somos isso tudo mas somos também europeus determinados em nos opormos ao internacionalismo dos banqueiros e ao seu espelho: o internacionalismo dos racistas. E queremos fazê-lo com uma única agenda Europeia internacionalista que seja realista, radical e imediatamente implementável.
Trabalhámos longa e arduamente para elaborar essa agenda progressista. Estamos orgulhosos do nosso Novo Pacto Verde para a Europa, que é o único antídoto à lógica de que, nesta UE, não há alternativa ao socialismo dos banqueiros, à austeridade para os muitos e à catástrofe ambiental. O nosso Novo Pacto Verde para a Europa pode ser único em agregar os progressistas europeus, num contraponto à xenofobia sórdida que une os nacionalistas.
Desde o início, tínhamos uma escolha: podíamos formar coligações de conveniência. Por exemplo, podíamos facilmente ter ganho vários lugares nestas eleições europeias se tivéssemos aceitado concorrer conjuntamente com actores políticos existentes que estavam comprometidos em não ter uma agenda para a Europa ou que discordavam do nosso europeísmo radical. Ou podíamos manter-nos fiéis aos nossos princípios, ao nosso fascinante Novo Pacto Verde e concorrer sozinhos – sem financiamento ou apoio institucional. Escolhemos a segunda opção não apenas porque era difícil mas porque era a única forma de continuarmos a nossa luta alegremente, de consciência tranquila e fiéis aos nossos princípios e objetivos.
A nossa estratégia e a nossa tática coincidiram: apoia a agenda do DiEM25, cultivar o nosso caráter político, fazer-lhe jus – e nunca trair as gerações futuras cujo futuro depende da implementação do nosso Novo Pacto Verde pela Europa toda, aliás até fora da Europa.
Esta decisão teve um custo – mas não um custo imprevisível. Sempre soubemos que o nosso caminho seria longo e sinuoso. Mas também sabíamos que estas eleições para o Parlamento Europeu eram sobre muito mais do que lugares ganhos ou perdidos. Eram sobre a apresentação de uma nova visão para a Europa, sobre a exigência de um Novo Pacto Verde, sobre inspirar as pessoas por todo o continente para pensarem além dos confins das suas nações. Foi sobre demonstrar na prática o que uma outra Europa poderia ser.
E neste ponto, meus amigos, ganhámos: Mostrámos aos europeus como uma agenda comum pode ser elaborada colaborativamente por vários actores políticos que se juntam pela Europa toda. Como uma lista conjunta de candidatos, em apoio a esta agenda comum, pode surgir. Como podemos fazer campanha pela Europa, juntos, sob a bandeira desta agenda.
Nos meses e semanas que antecederam o 26 de Maio, tive o privilégio de fazer campanha com todos vocês em Paris, em Bruxelas, por Itália e pelo Reino Unido, na Dinamarca, em Portugal e, claro, na Grécia e na Alemanha. Em cada um destes sítios, testemunhei a forma como vocês trouxeram ao de cima o melhor uns dos outros e das vossas comunidades. Vocês lideraram com ideias brilhantes, mostraram o que é uma política de princípios, transnacional e humanista. Trabalharam incansavelmente e sem otimismo mas carregados de esperança. Foi uma alegria e uma riqueza ver-vos em acção. A vossa dedicação, o vosso sentido de divertimento, a vossa amizade, sabedoria e bondade fizeram com que todos à vossa volta voltassem a sentir esperança sobre a Europa, a sua política, a sua civilização.
No final de contas, a quantidade dos votos que recebemos ficou aquém das nossas expectativas – apesar de termos tido a honra de receber o apoio nas urnas de cerca de 1 milhão de europeus e de, na Grécia, a Estaca Zero da crise económica e democrática da Europa, o MeRA25 ter crescido do zero para um resultado de disputa parlamentar – um resultado que augura tudo de bom para as eleições nacionais que se aproximam.
Camaradas, amigos, DiEMers
Semeámos uma ideia bela e radical nas mentes dos europeus. A nossa tarefa, agora, é ajudar esta semente de esperança a crescer. Sintam-se orgulhosos do que conseguiram alcançar. Descansem um ou dois dias. Depois disso, voltaremos ao trabalho, para planear os nossos próximos passos, que certamente incluirão uma reunião pan-europeia do DiEM25, onde passaremos dias e noites a traçar o caminho que nos espera.
Carpe DiEM25!
Yanis Varoufakis
Queres receber informação sobre as ações do DiEM25? Junta-te aqui