Porque é o MeRA25 a única esperança para a Grécia – e porque estarei lá para ajudar a fazê-lo acontecer

Queridos companheiros,
A 28 de abril, morarei temporariamente em Atenas. Estarei lá para apoiar MeRA25 [partido político do DiEM25 na Grécia] na nossa batalha eleitoral europeia. Poderão agora perguntar, por que haveria um cidadão português de mudar-se para a Grécia para fazer tal coisa?
Bem, porque este é um assunto muito próximo do meu coração, e deveria ser para os vossos também. Deixem-me dizer-vos porquê.
Em 2015, quando o Syriza ganhou o poder, a esperança emergiu pelo país. Um sentimento tão forte que era palpável pelo continente inteiro também. Todos estavam a acompanhar com imenso interesse os desenvolvimentos políticos lá. Para muitos, ver o governo de um pequeno país desafiar a retórica dos poderosos era como testemunhar uma revolução política por outros meios. Um contemporâneo David contra Golias de significância histórica. A mudança estava a acontecer e todos éramos testemunhas vivas disso.
Aqui estava um governo disposto a resistir às políticas de austeridade desastrosas que tinham tornado a Grécia numa colónia de dívidas. Numa altura em que os governos de centro-direita portugueses e espanhóis estavam a fazer exatamente o oposto, satisfatoriamente seguindo as ordens da Troika, senti-me mais grego do que português.
No fim, este pequeno ato de resistência não foi suficiente. Em vez de prosseguirmos na luta pela justiça, o governo deixou de tentar, optando pela capitulação. Fazendo-o, destruíram as esperanças de milhões de gregos que tinham posto a sua confiança e fé no governo.
Alguma vez se perguntaram porque as pessoas pela Europa estão progressivamente céticas em relação a partidos políticos, governos e instituições? Porque em vez de as representarem, estes partidos prometem mudar as suas vidas apenas para rapidamente virarem costas às suas promessas quase no mesmo dia que entram no poder. Mas não tem que ser desta maneira.
A vontade política é um instrumento poderoso. Eleger pessoas que sempre lutarão pelo que está certo e estar no bom lado da história, independentemente da pressão exercida sobre eles, é precisamente o que precisamos, e quem precisamos no poder. Isto é o que o nosso partido político grego, cuja fundação fui tive a sorte de presenciar, oferece aos gregos hoje. Pessoas que lutarão pela verdade e justiça não olhando a sacrifícios.
Pessoas que não mudarão de rumo subitamente para salvarem as suas carreiras. Pessoas que estarão ao lado de outras em toda a parte, desde áreas urbanas a rurais, porque todos nós queremos bons empregos, boa educação, bons cuidados de saúde, habitações e serviços públicos decentes. Todos queremos isto.
Em vez de provocar conflitos entre pessoas, o MeRA25 está corretamente a unir os 99% [a maioria de nós] contra os 1% [oligarcas, financiadores, burocratas não eleitos e os bancos]. Porque estamos todos a ser prejudicados por eles, quer nos apercebamos quer não. É um abuso silencioso com sofrimento silencioso. Pessoas incapazes de pôr comida na mesa. Problemas mentais a aumentarem. Centenas de milhares de jovens gregos deixando o seu país em busca de um futuro melhor, e por aí adiante.
A lição dos nossos tempos é esta: nenhum país – fora as grandes economias – é capaz de mudar os paradigmas dominantes. Para mudar, precisamos de mobilizações transnacionais contra as pessoas que perpetuam a luta de classes. É por isto que estou temporariamente na Grécia. Porque tenho mais em comum com um grego da classe trabalhadora, do que com um banqueiro português.
Não podemos ser sérios sobre mudanças sociais a não ser que admitamos que estamos nisto juntos. Alguns mais abastados que outros, alguns de cor, alguns brancos, alguns gay, alguns transexuais, alguns heterossexuais, alguns portugueses, alemães ou croatas. Mas para além das diferenças há um denominador comum: o facto de estarmos todos a ser abusados por um sistema corrupto que não representa os nossos interesses, ou o que é benéfico às nossas sociedades.
Não podemos mais viver como indivíduos isentos de poder. Agindo dessa maneira, estamos já a declarar derrota antes mesmo de termos tentado lutar. E podemos fingir estar felizes, e podemos ignorar o sofrimento do ‘outro’, presos nas nossas bolhas de existência hedonística requintada, até que chegue o dia em que eles vêm atrás de ti e és deixado a pensar por que razão ninguém te defendeu.
Quando parecemos viver em sociedades que perderam a esperança em larga escala, a nossa tarefa é apenas trazê-la de volta.
 
Davide Cesário Castro é o Coordenador de Redes Sociais do DiEM25, membro eleito do Coletivo Nacional Belga do DiEM25 e co-fundador do Fórum de Solidariedade Mundial.
Segue-o no Twitter @dcpcastro

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