Italian Elections 2018

A tale of two populisms? The Italian political impasse and the renewal of economic democracy in Europe

A Itália encaminha-se para uma nova coligação governamental, entre o Movimento Cinco Estrelas e a “Liga”  (formalmente do “Norte”). Estes dois partidos são vistos como os vencedores indiscutíveis das últimas eleições parlamentares, embora o sistema eleitoral, predominantemente maioritário e bastante complexo, de Itália, impediu que ambos partidos obtivessem uma maioria absoluta, sozinhos.
Entretanto, o apoio ao partido herdeiro da esquerda italiana, o Partido Democrata, afundou-se numa percentagem de 19%, a mais baixa de sempre, impulsionada quer pela abstenção, como pela transferência significativa de votos, para o Movimento Cinco Estrelas. À luz desta derrota histórica – e de derrotas semelhantes de partidos social-democratas, na Europa – não podemos deixar de perguntar: existe um futuro para políticas progressistas, em Itália?
O Movimento Cinco Estrelas e a Liga foram considerados dois tipos de populismo complementares – um tendencialmente de esquerda, baseado em “taxas e despesas”, e outro de direita, anti taxas e xenófobo, unificados por uma desconfiança partilhada em relação às instituições políticas. Perante o surgimento de um tal populismo, o Secretário cessante, embora ainda líder de facto, do Partido Democrata, apelou para uma “grande coligação” governamental, com o objetivo de impor uma agenda de reformas institucionais, inspiradas na Quinta República francesa. Ao fazer isto, Renzi está claramente a posicionar-se como o “Macron italiano”, embora arrastando, ainda mais, o Partido Democrata, para uma Terceira Via. Subjacente a esta estratégia, está a convicção de que não existe mais espaço viável para a esquerda, visto que a clivagem política dominante é a que opõe “populistas”, a “europeístas”. Assim sendo, onde ficam os progressistas?
Como foi dito por Fausto Panunzi e Dani Rodrik, a crise da esquerda está enraizada na sua adesão à perspetiva, segundo a qual, a eficiência dos mercados é a melhor forma de assegurar uma prosperidade repartida. A crise económica de 2008, que ainda atormenta a Europa, pôs em evidência a lacuna fundamental desta abordagem. E assim, ao mesmo tempo que os progressistas perdiam a sua credibilidade, amplos setores do eleitorado viraram-se, ao invés, para as forças populistas.
Apesar disto, não devemos deixar estas forças de extrema-direita distrair-nos da necessidade de aprofundar a economia democrática, na União Europeia. O populismo, como estratégia, pode ser usado para avançar uma agenda reacionária, mas, como refere Rodrik, ele também pode ser utilizado para promover uma agenda progressista. É nossa responsabilidade, então, desenvolver políticas económicas “populistas”, dentro de um quadro geral responsável, de forma a satisfazer as exigências de proteção e redistribuição de rendimentos – e deste modo, impedir que o nosso sistema político seja explorado, pela variante mais perigosa de xenofobia e populismo autoritário.
É este precisamente o objetivo do New Deal europeu de DiEM25, bem como da agenda da lista transnacional, Primavera Europeia.
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Nicola Bertoldi encontra-se atualmente a fazer um doutoramento em História e Filosofia das Ciências, na Universidade Paris 1, e é membro ativo de DiEM25  

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