A Grécia e a UE deixaram para trás mais de 27 mil pessoas no Mar Egeu

Um estudo revela um número alarmante de casos em que a Guarda Costeira Grega e a FRONTEX ordenaram a migrantes que encontrassem o seu próprio caminho de regresso à Turquia, enquanto estes se encontravam encalhados

Desde Março de 2020, mais de 27 mil migrantes que atravessaram o Mar Egeu para a Grécia vindos da Turquia têm enfrentado “drift-backs” – deixar migrantes ao abandono no mar – revelou uma investigação da Forensic Architecture/Forensis.

O estudo verificou mais de mil casos de “drift-backs” em que migrantes sofreram um tratamento desumano na sua tentativa de chegar às costas europeias, tendo a Guarda Costeira Helénica e a FRONTEX desempenhado um papel proeminente nestes incidentes.

Os relatos descrevem como os migrantes e os refugiados estão a ser interceptados nas águas territoriais da Grécia ou detidos no momento da sua chegada à Grécia. Chocantemente, 26 casos registados indicam que a Guarda Costeira grega atirou pessoas para o mar, duas das quais algemadas.

Há também relatos de requerentes de asilo serem espancados, despojados dos seus bens, e forçadamente embarcados em jangadas salva-vidas sem motores, deixados completamente sozinhos no seu caminho de regresso à costa turca, o que frequentemente resulta em ferimentos ou morte por afogamento.

A investigação foi levada a cabo entre Março de 2020 e Março de 2022, tendo sido encontrados precisamente 1 018 casos de “drift-backs” no Mar Egeu, com 27 464 pessoas envolvidas nos incidentes.

A maioria dos 1 018 incidentes ocorreu na costa da ilha de Lesvos (378). Um número significativo ocorreu em Chios (136), Samos (194), Kos (122), Rodes (92), enquanto 79 tiveram lugar no resto do Dodecaneso.

Descobriu-se que a agência europeia de fronteiras e guarda costeira FRONTEX esteve diretamente envolvida em 122 dos “drift-backs”,  frequentemente em coordenação com a guarda costeira grega, alertando as autoridades nacionais sobre os navios que chegavam.

A FRONTEX também tinha conhecimento de mais de 417 incidentes deste tipo, tendo a Forensic Architecture/Forensis descoberto o registo destes incidentes nos seus próprios arquivos como “prevenções de entrada”.

“Demonstrando a escala e crueldade deste crime contínuo, o nosso estudo ergue um muro de provas contra as negações cada vez mais ocas do governo grego”, declarou Stefanos Levidis, um investigador da Forensic Architecture.

“Mostra como a Guarda Costeira Grega utiliza cinicamente equipamento de salvamento de modo inverso, para negar o acesso à segurança a milhares de requerentes de asilo, deixando-os à deriva nas correntes marítimas.

O Mar Egeu, um símbolo global de hospitalidade e mobilidade, mostra aqui o seu lado negro. Foi selado e transformado numa arma, um tapete rolante para pessoas cujas vidas são medidas de forma diferente nas margens da Europa.

Como cidadãos da Grécia e da Europa, exigimos que esta prática cruel termine imediatamente. Já vimos o suficiente”.

Yanis Varoufakis acredita que este é um assunto que deve preocupar todos os europeus.

“Com cada reenvio forçado de não europeus no Mediterrâneo, a Europa perde mais uma fibra da sua alma”, disse ele.

“À medida que a alma da Europa é despojada lenta e dolorosamente, a Europa está preparada para ser mais desumana para com os seus próprios cidadãos”.

“Nenhum europeu deve dormir tranquilamente enquanto não europeus são empurrados de volta para o perigo dos mares. Os seus pesadelos de hoje, esta noite, irão assombrar para sempre os nossos sonhos”.

Os “drift-backs” são uma prática ilegal que vai contra uma série de protocolos internacionais, incluindo os direitos inalienáveis de requerer asilo e de procurar salvamento no mar.

A plataforma está já a apoiar ações legais, monitorização independente, relatórios e advocacia, como também pedidos crescentes de responsabilização e apelos internacionais a cortes no financiamento dos guardas de fronteira nacionais e da FRONTEX. Explora a plataforma por ti próprio através deste link.

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